A energia do futuro: pensando na Transição Energética

As alterações climáticas globais estão muito ligadas às emissões de gases de efeito estufa (GEE) pela queima de combustíveis fósseis. No mundo, as preocupações com o clima reforçaram uma série de reflexões e iniciativas em direção a uma Transição Energética, ou seja, uma transformação na matriz energética.

Para que ocorra essa transição, os países estão focados em diminuir a participação de fontes fósseis em suas matrizes, bem como promover ações para aumentar a eficiência energética, o armazenamento de energia e estimular fontes que não emitam GEE na sua operação.

Também têm sido adotadas tecnologias de remoção de carbono emitido (como, por exemplo, a captura, armazenamento e uso de carbono e compensação florestal).

Nesse sentido, a tendência é de que o mundo diminua o uso de fontes não renováveis ou emissoras, especialmente o carvão, o óleo combustível e o óleo diesel na geração de eletricidade e aumente o uso das fontes renováveis e não emissoras, como eólica, solar, bioenergia (biocombustíveis líquidos e termelétricas à biomassa e resíduos), hidráulica e nuclear.

Outras possibilidades que se tem discutido bastante são: o uso de Hidrogênio renovável ou de zero-carbono (em especial o Hidrogênio verde e o azul) em vários processos industriais e o uso de grandes baterias para armazenamento de energia.

Alteração nos padrões de consumo

A Transição Energética acarreta também profundas alterações na base tecnológica, nos padrões de consumo e nas relações socioeconômicas e ambientais, com redução e reaproveitamento de resíduos.

A própria relação tempo-espaço tende a ser modificada pelo avanço tecnológico. Por exemplo, com a possibilidade de trabalho remoto, espera-se uma alteração no consumo de energia pelos setores comercial e residencial.

A Transição Energética traz também alterações relevantes na geopolítica global da energia, colocando desafios e oportunidades para os diferentes países do mundo.

3 ou 4 Ds

A atual Transição Energética é caracterizada pela Descarbonização, Descentralização e Digitalização (3 Ds). A Descarbonização foca nas emissões de carbono, a Descentralização na geração de energia próxima ao consumidor e a Digitalização significa transformação digital, tanto de documentos, quanto de atividades e serviços. Há quem adicione mais um D, de Design, ou seja, melhorar o desenho de edificações e veículos, para aumentar a Eficiência Energética.

Infográfico do Ministério de Minas e Energia

Perfil do Brasil

No Brasil, o setor energético não é o principal responsável pelas emissões de GEE. Além disso, nossa Matriz energética e, principalmente, nossa Matriz elétrica, têm maior participação de energias renováveis e zero carbono que as matrizes mundiais.

No sentido de manter a alta renovabilidade da matriz elétrica brasileira, as fontes eólica e solar têm aumentado sua contribuição na geração elétrica do país. Devido à variação na disponibilidade de vento e sol, a eletricidade gerada por essas fontes também varia.

Por isso, entende-se que as termelétricas ainda são importantes para garantir estabilidade ao sistema elétrico, pela possibilidade de serem acionadas de forma mais imediata.

Nesse contexto, um combustível que vem sendo cada vez mais utilizado para termelétricas é o gás natural que, apesar de ser um combustível fóssil, sua queima emite menos GEE que a queima de óleo e carvão e por isso ele representa um combustível de Transição Energética.

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Com a difusão do uso do biometano e do Hidrogênio, o gás natural poderá ser substituído por estes combustíveis renováveis, criando uma trajetória progressiva de sustentabilidade ao longo do tempo.

Desafio no transporte

Um dos nossos maiores desafios está no setor de transportes, que utiliza principalmente combustíveis fósseis. Para reduzir as emissões de GEE desse setor no Brasil, uma das iniciativas é o estímulo ao uso de biocombustíveis (relembre etanol e biodiesel e aprenda sobre o RenovaBio).

Também são discutidos os veículos elétricos, como o ônibus elétrico, que não emitem GEE no seu funcionamento. Também se encontra em elaboração o programa Combustível do Futuro, que propõe medidas para incrementar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono.

Além disso, nos últimos anos houve avanços em eficiência energética nos setores que mais consomem energia: transportes e industrial.

Por fim, é importante mencionar também que a Transição Energética terá que ser justa e inclusiva para ter sucesso, considerando as prioridades e as possibilidades de cada país, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Edição- CONCEG Notícias/Texto: Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

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