Wilson de Oliveira
A escassez hídrica, que tem levado o País a enfrentar uma crise, também, no setor de energia elétrica, é um assunto que está na Ordem do Dia.
Essa questão, infelizmente, entra na pauta de debates prioritário no Brasil, não da forma que nós, consumidores de energia elétrica, gostaríamos. Pelo contrário, nosso desejo é que esse momento fosse e debater caminhos para a redução da tarifa de energia.
Ao invés disso, recentemente, tivemos dois ajustes no valor da bandeira tarifária vermelha patamar 2 e, há poucos dias, entrou em vigor a chamada Bandeira Tarifária Escassez Hídrica, com valor adicional na conta de R$ 14,20 para cada 100 Kwh consumidos.
Essa elevação ocorre num momento em que a população já sofre com uma série de outros aumentos, como no preço da carne, dos combustíveis. Num momento em que, ainda, o comércio, a indústria e os serviços ainda sentem os impactos da crise sanitária gerada a partir da pandemia do coronavívus, que afetou quase todos os segmentos produtivos do País.
A escassez hídrica e a crise energética, neste momento caminhando lado a lado, coloca desafios enormes para nós consumidores de energia elétrica, porque tudo que não foi bem planejado, tudo que não foi feito para chegar a esse momento, cai na nossa conta, pesa no nosso bolso.
A tarifa de energia brasileira é cheia de penduricalhos e nós, na ponta, ficamos com a conta a pagar. Mas, até quando?
Até quando vamos suportar todos os ônus?
Está aí, uma pergunta que não quer se calar!
O Conselho de Consumidores de Energia Elétrica do Estado de Goiás (CONCEG) não tem medido esforços em lutar para que as tarifas sejam mais justas; que o serviço prestado pela concessionária, o caso, a Enel Goiás, seja da melhor qualidade possível.
Vimos um esforço da concessionária em realizar investimentos para deixar de lado o atraso que ficou do passado.
Porém, o problema que ocorre agora, não é um problema localizado, específico de Goiás. É uma questão nacional. E, diga-se de passagem, uma questão de suma relevância social, econômica e estratégica para o Brasil.
Não podemos enfrentar crises, como a de agora, criando atalhos que vão parar na conta de energia, porque nossas classes consumidoras já estão por demais oneradas.
Portanto, é um momento de o poder público, órgãos, entidades, agência reguladora, enfim, de todos que estão ligados a essa questão, para que haja um diálogo mais amplo sobre como podemos enfrentar as crises- hídrica e energética. E, a partir desse diálogo amplo, encontrar soluções plausíveis para que possamos atravessar esse momento atual e não tenhamos novos problemas no futuro.
O CONCEG, junto com o Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica (CONACEN) – nossa esfera maior de representação das classes consumidoras – quer contribuir e dar as mãos para fazermos essa travessia, desde que não seja pela via de aumentos via tarifa.
Wilson de Oliveira é presidente do Conselho de Consumidores de Energia Elétrica do Estado de Goiás- CONCEG.